Você conhece algum livro ou algum autor excelente e “anônimo” desse jeito? Aposto que sim.
Não é fácil achar uma obra literária que seja boa e anônima ao mesmo tempo, pela simples e primordial razão de que tudo o que chegou às graças do público passara por um crivo muito especial que leva em consideração o gosto coletivo e unânime. O gosto individual - ou seja, o meu, o seu e o de cada um de nós, isoladamente - não é levado em conta nas estatísticas de mercado, de modo que, por mais que você ache Howard Jacobson um autor genial, jamais verá um livro dele publicado no Brasil - a não ser que algum prêmio estrangeiro legitime seu trabalho.
Eu gostaria de começar falando sobre um "achado" que veio cair em minhas mãos recentemente. Trata-se de um escritor: o escritor indo-americano Amitav Ghosh, que, infelizmente, só possui quatro romances publicados aqui no Brasil, sendo que um deles (O Cromossomo Calcutá) está esgotado há quase dez anos. Os outros três (O Palácio de Espelho, Maré Voraz e Mar de Papoulas) saíram pela ótima editora Alfaguara. Se você fala inglês fluentemente e conhece esse idioma como a palma de sua mão, considere-se um felizardo, porque assim poderá ler os vários romances de Ghosh no original, e de dezenas de outros autores interessantes que não deram ainda as suas caras por essas bandas.
Amitav Ghosh é um autor mundialmente reconhecido e, inclusive, chegou a ser comparado pelo The Observer a Dickens, Tolstói e Dumas na mesma frase! Seus livros geralmente abordam questões políticas, ambientais e sociais ao mesmo tempo – e o que torna tudo isso atraente é o fato de que Ghosh consegue imergir esses assuntos no meio de uma história incrivelmente cativante e cheia de aventuras e suspenses, dando margem até para a poesia e para o amor. Maré Voraz é um exemplo de um livro com essas qualidades de que estou falando. É comum, em seus livros, Ghosh misturar elementos verídicos com elementos fictícios, criando uma história que ganha em verossimilhança por conta da citação de fatos reais ao longo do texto.
Outro sujeito da literatura que não é muito conhecido por nós, brasileiros, mas que mesmo assim qualifico como sendo “ótimo” é o norte-americano David Benioff, autor do muito divertido Cidade de Ladrões – livro que, inclusive, mereceu uma postagem aqui no Gato Branco.
Apenas o romance supracitado de Benioff possui tradução para o português, de modo que podemos ter somente uma atevisão do que é o trabalho dele. Aliás, nem tanto: Benioff escreve muitos roteiros para o cinema, tendo já assinado projetos famosos como Wolverine – Origens e Tróia. É através desses filmes que também podemos conhecer um pouco mais do seu processo criativo. Mas na literatura… muito pouco, por enquanto. Gosto de pensar que, de qualquer forma, por algum desígnio do destino, os trabalhos desses escritores possam chegar a pessoas que se interessam pelo tema que escrevem, mas que ainda não tiveram conhecimento da sua existência.
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E você, por acaso, tem alguma dica de um autor (ou de um livro) desconhecido, mas excelente?
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