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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Autores bons e desconhecidos

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Se você pertence à laia dos leitores que não se contentam apenas com a lista de mais vendidos que a VEJA ou a Época alardeiam em suas últimas páginas, este é um tópico que provavelmente despertará a sua atenção: autores ou livros que são ótimos, mas que são desconhecidos do público (e que não entram em lista alguma de “mais vendidos”).

Você conhece algum livro ou algum autor excelente e “anônimo” desse jeito? Aposto que sim.

Não é fácil achar uma obra literária que seja boa e anônima ao mesmo tempo, pela simples e primordial razão de que tudo o que chegou às graças do público passara por um crivo muito especial que leva em consideração o gosto coletivo e unânime. O gosto individual - ou seja, o meu, o seu e o de cada um de nós, isoladamente - não é levado em conta nas estatísticas de mercado, de modo que, por mais que você ache Howard Jacobson um autor genial, jamais verá um livro dele publicado no Brasil - a não ser que algum prêmio estrangeiro legitime seu trabalho.


Eu gostaria de começar falando sobre um "achado" que veio cair em minhas mãos recentemente. Trata-se de um escritor: o escritor indo-americano Amitav Ghosh, que, infelizmente, só possui quatro romances publicados aqui no Brasil, sendo que um deles (O Cromossomo Calcutá) está esgotado há quase dez anos. Os outros três (O Palácio de Espelho, Maré Voraz e Mar de Papoulas) saíram pela ótima editora Alfaguara. Se você fala inglês fluentemente e conhece esse idioma como a palma de sua mão, considere-se um felizardo, porque assim poderá ler os vários romances de Ghosh no original, e de dezenas de outros autores interessantes que não deram ainda as suas caras por essas bandas.

Amitav Ghosh é um autor mundialmente reconhecido e, inclusive, chegou a ser comparado pelo The Observer a Dickens, Tolstói e Dumas na mesma frase! Seus livros geralmente abordam questões políticas, ambientais e sociais ao mesmo tempo – e o que torna tudo isso atraente é o fato de que Ghosh consegue imergir esses assuntos no meio de uma história incrivelmente cativante e cheia de aventuras e suspenses, dando margem até para a poesia e para o amor. Maré Voraz é um exemplo de um livro com essas qualidades de que estou falando. É comum, em seus livros, Ghosh misturar elementos verídicos com elementos fictícios, criando uma história que ganha em verossimilhança por conta da citação de fatos reais ao longo do texto.


Outro sujeito da literatura que não é muito conhecido por nós, brasileiros, mas que mesmo assim qualifico como sendo “ótimo” é o norte-americano David Benioff, autor do muito divertido Cidade de Ladrões – livro que, inclusive, mereceu uma postagem aqui no Gato Branco.

Apenas o romance supracitado de Benioff possui tradução para o português, de modo que podemos ter somente uma atevisão do que é o trabalho dele. Aliás, nem tanto: Benioff escreve muitos roteiros para o cinema, tendo já assinado projetos famosos como Wolverine – Origens e Tróia. É através desses filmes que também podemos conhecer um pouco mais do seu processo criativo. Mas na literatura… muito pouco, por enquanto. Gosto de pensar que, de qualquer forma, por algum desígnio do destino, os trabalhos desses escritores possam chegar a pessoas que se interessam pelo tema que escrevem, mas que ainda não tiveram conhecimento da sua existência.

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E você, por acaso, tem alguma dica de um autor (ou de um livro) desconhecido, mas excelente?

Deixe um comentário. :)

Os vestidos que passaram pelo tapete vermelho

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O Oscar 2012, que é um prêmio entregue anualmente pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, aconteceu no último domingo (26). Mas o evento vai além da premiação, os vencedores chamam atenção, entretando os vestidos que passam pelo tapete vermelho por vezes roubam a cena. Alguns por sua beleza, e outras pelo exagero, como o de  Michelle Williams, que segundo o site “Vanity Fair", levou o equivalente a 12 dias e meio para ser feito pelas costureiras da Louis Vuitton. Selecionamos sete vestidos que chamaram atenção pela beleza, do básico ao justo e com detalhes, são eles:

1- Ann Sweeney optou por um modelo preto mais clássico, sem muitos detalhes ou brilhos. O menos por vezes é mais, se não quiser errar faça como Ann: escolha um modelo mais básico.


2- Ganhadora em uma das categorias, Octavia Spencer, provou que não é por ser mais cheinha do que a sociedade impõe que não iria estar bem vestida. O modelo justo deixou as curvas da atriz a vista.



3- O verde em degrade foi opção de Maria Menounos, que vestiu Maria Lucia Hohan. Um vestido mais solto embaixo e com um generoso decote nas costas.


4- O modelo da Gucci foi utilizado por Cameron Diaz, em tom de bege o vestido cheio de detalhes nas pontas valorizou ainda mais a boa forma da atriz, sem ser vulgar.


5- Os bordados dourados no vestido preto de Jessica Chastain chamaram atenção. O longo de Alexander McQueen poderia ser apenas mais um pretinho básico, mas os detalhes roubaram a cena.


6- Tinha tudo para cair no senso comum o modelo sereia de Roberto Cavalli, mas o corte e o caimento deixaram o vestido azul escuro de Leslie Mann encantador.


7- Da Versace, o vestido de veludo preto, bem mais ousado que o acima foi a opção de Angelina Jolie. Graças a generosa fenda a cada parada a atriz mostrava a perna enquanto passava pelo tapete vermelho.

Da série: músicas que o Lupa Cult indica

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Acredito que todos (leitores e não leitores do Lupa Cultural) gostam de música. A música é capaz de nos acalmar, como também pode nos deixar animados e às vezes nos fazer refletir. Algumas são nostálgicas e outras simplesmente nos divertem.
Ao entrar no carro, a primeira coisa que fazemos após dar a partida é ligar o rádio. Quem nunca colocou uma música gostosa para relaxar na hora do almoço ou até mesmo durante aquele jantar romântico? Música vale a pena na hora de executar algum trabalho, ao escrever uma carta a um antigo amigo...
Entretanto, há diversos estilos musicais e sempre é bom conhecer coisas novas. Pensando nisso, elaborei uma pequena lista de músicas para vocês:
Regina Spektor é cantora, compositora e pianista russa. Viveu em Moscou até os nove anos e mudou-se para os EUA durante o período da Periestroika. Regina canta na maior parte das vezes em inglês (vez ou outra mistura algumas palavras em latim, russo e francês) e cada música sua parece ter estilo próprio.


The Corrs é uma banda de música celta formada pelos irmãos irlandeses Sharon, Caroline, Andrea e Jim Corrs. Essa versão de Little Wing (Jimmi Hendrix) é lindíssima e revela um pouco do talento da família.


Playing For Change é uma fundação formada por músicos de diferentes partes do mundo. O álbum Songs Around The World foi gravado ao vivo por mais de 100 artistas, que gravaram individualmente a mesma música. O intuito dos projetos do grupo é buscar a reflexão e conectar as pessoas em busca de paz.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Contos clássicos de vampiro!

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Agora há pouco, mergulhado na noite silenciosa e melancólica de hoje, acabei a leitura do livro Contos clássicos de vampiro, lançado nas livrarias do Brasil pela editora Hedra. O livro – como o próprio título já sugere – é uma coletânea de histórias clássicas sobre vampiros, textos que vão desde o inglês Lord Byron até M. R. James, mestre na arte de contar histórias de horror. Se não estou equivocado, é certo que nenhum conto data de além do século XIX. São clássicos mesmo, no estrito sentido da palavra.


Depois de ter lido dois contos do livro na própria livraria – Fragmento de um romance e Porque o sangue é vida – tomei vergonha na cara e comprei a coletânea. Já tinha certeza de que não ia me decepcionar. Quando eu encontro um livro por acaso numa prateleira, começo a lê-lo e ele simplesmente não sai das minhas mãos, posso garantir a mim mesmo que não vou perder dinheiro se comprá-lo.

E não me arrependi mesmo. Todas as histórias são perfeitas no objetivo de entreter o leitor. Por isso, suponho, são clássicas: se passaram centenas de anos entretendo leitores de incontáveis gerações, não há motivos para não continuar publicando-as. E acho mesmo necessária uma coletânea desse tipo, porque, depois de Crepúsculo (cujo filme adorei) a banalização acerca do tema "vampiro" ficou beirando o insuportável. Parece que centenas de escritores que não conseguiram a fama de outro modo estão pegando carona em Stephanie Meyer - autora que, por sinal, é na maioria das vezes injustamente criticada*.




Adoro a linguagem utilizada nesses textos que datam do século XIX e começozinho do século XX. Eu diria que é uma linguagem que consegue ser precisa e floreada ao mesmo tempo, fechada e aberta, transgressora e conservadora, sem nunca perder a elegância. Uma boa literatura depende essencialmente de como é escrita, e garanto que, nessa questão estética da linguagem, as obras do passado superam muitas das atuais.

De todos os contos do livro, certamente o mais profundo e interessante de todos – embora todos sejam interessantes – é A morta amorosa, do genial Théophile Gautier. A posição intermediária entre o sagrado e o profano que o pobre pároco Romualdo se situa suscita inúmeras reflexões dignas de nota, muito bem escritas, aliás, além de desenhar a imagem do vampiro sob outro prisma, não-convencional.

Essa coletânea vem dotada de um grande prefácio e um grande posfácio. O primeiro é uma introdução escrita por Alexander da Silva, que traça todo o perfil histórico do vampiro, desde as suas origens inicialmente eslavas até o papel que a figura folclórica desempenha no cinema. Vale muito a pena ser lido. O segundo, posfácio, é um apêndice generoso que contém poemas de grandes escritores – Goethe incluído – acerca do tema.

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* Meyer é comumente criticada pelas inovações que apresentou no universo dos vampiros, como a característica questionável do personagem Edward Cullen de brilhar ao sol. No entanto, um olhar mais cuidadoso sobre a história da literatura vampiresca indica que vários autores de diferentes épocas modificaram a lenda clássica a seu bel-prazer, consolidando características que, naquele tempo, não eram bem-vindas, mas que hoje são tidas como imutáveis. A saga Crepúsculo ainda é muito recente na história da literatura para que se possa aferir sua verdadeira influência.


Os figurinos mais marcantes do cinema no "Hollywood Costume"

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Joana D'arc (1948)
Tudo é pensado com minuscia na hora de produzir um filme: o roteiro, os personagens, o cenário e também o figurino. No Oscar, prêmio já consagrado da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a categoria de "Melhor Figurino" não existia logo no início da premiação norte-americana, mas, em 1948, os olhares da comissão julgadora passaram a dar atenção para quem se preocupa com os mínimos detalhes na hora de compor a roupa que deve se encaixa com a personalidade de um determinado personagem. Os primeiros filmes a serem vencedores nesta quesito foram os épicos Joana D'arc (1948) e Hamlet (1948).

Tão importante quanto as outras categorias do Oscar, a de Melhor Figurino revela forte influência no universo fashion. Para ser ainda mais clara, o que Greta, Audrey, Zooey, Hataway, Keaton e outros ícones da sétima arte usam no cinema, transformam-se em inspiração para o guarda-roupa de milhares de pessoas.

Da esquerda p/ direita: Diane Keaton, em Annie Hall, Zooey Deschanel, em 500 dias com ela, e Annie Hataway, em O Amor e Outras Drogas.

O que não significa falta de personalidade, bem pelo contrário, é aquela velha história mal resolvida sobre quem imita quem: a arte imita a vida ou a vida imita a arte — o que não importa muito quando você é mais um dos detalhistas observadores apaixonados pela escola de corte e costura que é o cinema.

Para você que admira muitas roupas que já apareceram na grande tela, o museu Victoria & Albert, em Londres, Inglaterra, irá expor na mostra "Hollywood Costume", de 20 de outubro de 2012 a 27 de janeiro de 2013, mais de 100 figurinos dos pernonagens mais emblemáticos da história do cinema, de 1912 até 2012.


A exposição, que tem curadoria de Deborah Nadoolman, tem o objetivo de mostrar o processo pelo qual um figurinista passa para transformar a roupa do roteiro para as telas, incluindo todo o contexto de mudança social e tecnológica que esses profissionais enfrentaram ao longo do último século.

Como em um espetáculo teatral, o Hollywood Costume está dividido em três atos. O primeiro é a descontrução, é quando a instalação convida o visitante para sentir-se na pele do figurinista, que transforma cada palavra do roteiro fio a fio, até constituir um tecido e, por fim, o figurino. Diálogo, como é denominado o segundo ato, tem a finalidade de examinar como o figurinista pode contribuir para a equipe de criação.  “El gran finale”, o ato 3, celebra os personagens mais queridos da telona: e aí entram a eterna bonequinha de luxo, com seu vestido preto, da grife Givenchy, e outros tantos figurinos que você gostaria de ter no seu guarda-roupas.

Confira algumas das roupas que estarão presentes no Hollywood Costume: 

O traje de Jack Sparrow, interpretado por Johnny Depp em'Piratas do Caribe'



A roupa de Kate Winslet, em Titanic


O Vestido usado por Marlene Dietrich em Angel



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A arte humorística de Terry Border

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O fotógrafo Terry Border nasceu em 1965 na Base da Força Aérea no sul da Califórnia. Trabalhou muitos anos com fotografia comercial, mas não satisfeito com o andamento de sua carreira, tentou ser cartunista. Entediado com a necessidade de passar seu dia-a-dia sentado desenhando, passou a fazer pequenas esculturas que renderam alguma verba.
De acordo com sua palestra na Gel Conference sobre Psicologia, Percepção e Forma, suas esculturas ficavam cada vez maiores e chegou a ser deprimente deparar-se com elas pelos cantos da casa, pois o lembravam de que não haviam sido vendidas. Buscando um trabalho que o divertisse além de tudo, Border teve a ideia de fazer objetos menores. Assim ele poderia escondê-las quando não as vendesse, talvez colocá-las na gaveta ou atrás do sofá, como ele mesmo disse.
Testou sua nova ideia com pequenos pedaços de arame, que tinham absolutamente custo algum. Fez uso de seu olhar distorcido, já citado anteriormente e, aos poucos, Terry Border acrescentou todo seu humor. O resultado? Confiram logo abaixo:










As imagens foram retiradas do blog do fotógrafo Terry Border.

Por trás das lentes de Antanas Sutkus

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Numa tentativa de fugir da loucura do Carnaval, fui parar em Curitiba. Apesar de não encontrar quase nenhuma alma viva (passei até por zumbis!), a viagem valeu a pena. Para quem passar por lá até o dia 30 de maio, recomendo uma visita à exposição Antanas Sutkus: Um Olhar Livre, que reúne 120 imagens feitas pelo fotógrafo no Museu Oscar Niemeyer.

Nascido em 1939 na cidade de Kaunas, na Lituânia, Sutkus construiu sua carreira sob o regime comunista. Seu pai foi envolvido em um processo de reestruturação política durante os primeiros cinco anos da ocupação dos soviéticos, com os quais não se identificava, e cometeu suicídio quando o fotógrafo tinha apenas um ano de idade. Pouco tempo mais tarde, após a chegada dos nazistas na Lituânia, sua mãe foi obrigada a se esconder, deixando-o com seus avós.

A convivência com eles aproximaram Sutkus do cotidiano simples das pessoas, levando-o a fotografar o povo lituano em suas atividades mais comuns. É essa simplicidade, aliás, que torna suas obras ainda mais excepcionais e nos relembra a importância de aproveitar os pequenos prazeres da vida.

A famosa fotografia de Jean-Paul Sartre
Mas os lituanos não foram os únicos que fizeram parte do trabalho de Sutkus. Em julho de 1965, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir fizeram uma viagem para a Lituânia e, durante um jantar oficial, o fotógrafo teve a oportunidade de conhecê-los.

Na época, Sutkus tinha apenas 26 anos e viajou pelo país por cinco dias com o casal. Foi aí que ele fez uma das imagens mais famosas do filósofo: depois de revelar as fotos, Sutkus as enviou para Sartre que, satisfeito, passou a usá-las em algumas de suas publicações.

Antanas Sutkus: Um Olhar Livre
Museu Oscar Niemeyer
Endereço: R. Marechal Hermes, 999 - Curitiba (PR)
Quando: até 30 de maio de 2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Norah Jones divulga tracklist de seu novo CD

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"Come away with me in the night". Como não lembrar da estrada vazia, do carro em direção a qualquer lugar e de Norah Jones, cantando a acordes lentos a canção homônima que embalou o seu disco de estreia, "Come Away With Me", que em 2012 completa 10 anos de lançamento? Para celebrar uma década de sucesso, a cantora já preparou um novo álbum. "Little Broken Hearts", nome escolhido para a obra de Norah, deve ser lançado no dia 1º de maio. 


A capa do cd é inspirada no filme do diretor Russ Meyer, Mudhoney (1965). A produção do cinesta é um clássico do cinema e pode ser uma boa aposta do que se pode esperar de Little Broken Hearts. Meyer conta a história de um triângulo amoroso durante os anos da Grande Depressão, o filme envolve temas como traição, cobiça e fanatismo religioso. 

Não é de hoje que Jones se envolve de alguma forma com a sétima arte. A cantora já se aventurou no cinema ao viver a romântica Elizabeth, ao lado de artistas já renomados como Jude Law, Natalie Portman e Rachel Weisz, no longa "My Blueberry Nights" (2007), do diretor asiático, Wong Kar-Wai. No filme, a personagem de Jones é a protagonista que fica inconformada ao saber que seu namorado a traiu em um pequeno café de Nova York. Para romper a relação, ela entrega as chaves do apartamento em que os dois viviam para Jeremy (Law), dono do café. A partir daí, Beth (Norah), volta ao lugar algumas vezes e um novo sentimento surge.

Este será o quinto álbum de Norah, que produziu as 12 faixas do seu "pequeno coração partido" ao lado de Brian “Danger Mouse” Burton, com quem a artista já trabalhou quando cantou para o álbum "Rome", de Burton e Daniele Luppi. Com o lançamento do CD, os fãs também podem reservar a agenda para curtir os shows de Norah, que prometeu uma turnê para promover seu trabalho.

Confira a Tracklist:

Good Morning
Say Goodbye
Little Broken Hearts
She’s 22
Take It Back
After The Fall
4 Broken Hearts
Travelin’ On
Out On The Road
Happy Pills
Miriam
All A Dream

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

5 livros lidos em 2011 e que você gostará de ler em 2012

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Quem acompanha o meu blog particular, o Gato Branco em Fuligem de Carvão, sabe que eu costumo listar no início de todo ano as leituras que realmente valeram a pena nos doze meses que se passaram. É uma prática que se consolidou lá por acaso, e, embora não seja de todo original, tento mantê-la como uma tradição divertida e reflexiva.

Como dá para imaginar, dentre tantos livros lidos em um ano, é difícil eleger e recomendar apenas cinco. Sem dúvida, um número muito maior deveria ser levado em conta, mas penso que isso significaria formular uma lista mais complexa para, no final das contas, englobar a maioria dos títulos lidos naquele ano. Sendo assim, como a idéia é ser puramente seletivo, convém eleger mesmo apenas a fina flor das obras. Tarefa difícil, como muitos podem imaginar.

Dessa maneira, compartilho aqui no Lupa Cultural as cinco obras que li em 2011 e que recomendo sem restrições a quem se interessar pelas suas premissas. Para ler a resenha completa de cada uma no Gato Branco, basta clicar sobre as capas dos livros. Para visitar o blog e ler as últimas novidades que postei por lá, basta clicar aqui.

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Admirável Mundo Novo | Aldous Huxley

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Definitivamente, não é por acaso que este livro figura como um dos clássicos mais icônicos de todos os tempos. A obra mais famosa do britânico Aldous Huxley tem qualidade, sim, e não é pouca.

Em um futuro bastante longínquo, a sociedade humana se tornou essencialmente asséptica e funcional: sem a constituição de famílias, a população do mundo é dividida em castas específicas, que variam de acordo com a função que o sujeito possui perante o meio coletivo. Com uma liberdade total – porém questionável – os Alfa usufruem do planeta que os Delta e os Ípsilon são obrigados a manter, sem que com isso se sintam oprimidos pelo sistema; pois, desde o nascimento, as pessoas são condicionadas a se adaptarem à sua classe, o que sufoca, assim, qualquer tipo de mobilidade social.

A trama começa quando Bernard Marx, um Alfa, se sente deslocado no mundo elitizado que foi tido, desde o começo, como sua classe natural. Para complicar as coisas, ele começa a se sentir apaixonado por Lenina – o que é terminantemente proibido no Mundo Novo, uma vez que as paixões perturbam os homens e os levam a fazer coisas imprevisíveis.

Além de ter uma história rica em conflitos e possuir uma escrita impecável, Admirável mundo novo é um convite à reflexão sobre as organizações humanas e suas possíveis implicações. Recomendadíssimo, principalmente para os que gostam de um bom estudo social na literatura.

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Os devaneios do caminhante solitário | Jean-Jacques Rousseau

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Este foi, sem dúvida, um dos melhores que li em 2011. Sensível, lírico, inovador, poético e visceral, Os devaneios do caminhante solitário é o "adeus" do brilhante filósofo Rousseau. Aqui, o autor se mostra extremamente desiludido com relação à sociedade ou, melhor, aos homens de um modo geral; acredita ser vítima das manipulações de um complô destinado a torná-lo infeliz e anônimo. Assim, procura escrever estas páginas não para o público, mas para si mesmo, pelo simples prazer de escrevê-las e pelo que acredita ser um ato de desafio àqueles que o criticam.

É um livro completo, pois apresenta reflexões das mais variadas naturezas. Felicidade, verdade, mentira, paixões, lugares, nada escapa ao escrutínio de Rousseau. Uma das sensações que senti ao lê-lo foi a de paz interior, por alguma razão que não sei explicar. Acho que o livro transmite uma idéia de serenidade muito forte.

Para quem gosta de livros de reflexão filosófica leve, este é absolutamente indispensável.

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Vida roubada | Jaycee Dugard

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Raptada aos 11 anos de idade e libertada (ou melhor, resgatada) somente aos 29, Jaycee Dugard é a protagonista de uma das mais dramáticas histórias de seqüestro de todos os tempos. Suas memórias de cativeiro, retratadas no livro Vida roubada, reconstroem o cotidiano catastrófico e enfadonho que a moça foi obrigada a enfrentar durante esses árduos 18 anos em que esteve nas mãos de Phillip Garrido, sobrevivendo nos fundos de um quintal.

Mas, afinal, qual é o atrativo do livro? Ora, além de trazer uma história marcante, capaz de atrair a atenção de qualquer um, Jaycee narra sua saga com uma simplicidade e uma honestidade singulares. Sem pudores, sempre valente e pronta para contar o mais ímpio dos detalhes, a autora revela assim toda a sua conturbada relação com o homem que a raptou. Muito mais que um simples livro chocante, Vida roubada é, antes de tudo, o retrato de uma das diversas tragédias concebidas no plano das relações humanas.

Para quem gosta de histórias reais, esta é a recomendação do ano.

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Onde os homens conquistam a glória | Jon Krakauer

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Outra história impressionante e real que li neste ano foi a de Pat Tillman, escrita pelo jornalista Jon Krakauer – mesmo autor dos best-sellers Na natureza selvagem e No ar rarefeito.

Tillman era um popular jogador de futebol americano quando, em setembro de 2001, as Torres Gêmeas foram atacadas por fundamentalistas islâmicos. Impressionado pelo evento, seu espírito patriotista foi despertado, e Tillman abandonou a carreira nos campos para se dedicar às Forças Armadas, a fim de lutar contra aqueles que violaram seu país. Acabou morto por fogo-amigo em uma das mais desajeitadas operações do Exército Americano; a família de Tillman, insatisfeita com as explicações falsas dadas pelas autoridades, remexeu a história até encontrar a verdadeira causa da morte do jovem soldado.

Além de contar a história de Tillman em detalhes, Krakauer esmiúça uma das principais guerras que agitam o século XXI. Essa talvez seja a característica mais atraente do livro, visto que, por si só, a saga de Tillman não oferece grande coisa além de mostrar a incompetência de alguns batalhões do exército norte-americano e até onde o heroísmo de uma pessoa pode levá-la.

Para quem gosta de histórias reais e para quem se interessa pelos conflitos políticos/bélicos que rolam no sul da Ásia, um prato cheio!

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Lá onde os tigres se sentem em casa | Jean-Marie Blas de Roblès

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Sem dúvida, a surpresa do ano. E o último livro lido neste 2011.

Blas de Roblès nasceu na Argélia e morou em países exóticos como Tibete e Indonésia. Estabeleceu-se também no Brasil durante algum tempo, tendo lecionado nesse ínterim na Universidade de Fortaleza (Unifor) – por coincidência, a universidade em que estudo atualmente. Da experiência que teve com o Brasil, o autor escreveu Lá onde os tigres se sentem em casa, que recebeu o prêmio Médicis 2008 na França.

O livro possui uma trama intrincada que cruza diversas narrativas aparentemente paralelas. Eléazard é um jornalista francês que serve de correspondente no Maranhão, além de estar trabalhando em um manuscrito medieval que narra a vida de um jesuíta romano. Elaine, sua ex-esposa, faz parte de uma expedição em busca de fósseis raros no interior selvagem do Mato Grosso. Moema, filha adolescente do casal, vive suas aventuras noturnas no Ceará com um jovem professor e uma amiga. Nelson é um garoto aleijado que mendiga nas ruas de Fortaleza; Moreira Rocha é o governador corrupto do estado do Maranhão, culpado pela morte do pai de Nelson. E assim por diante.

O mérito do livro está em não cair nos clichês e nas armadilhas piegas dos romances que se passam no Brasil. Nada de regionalismos estereotipados, nada lugares-comuns: a obra de Roblès é, acima de tudo, um panorama sincero do nosso país, com tudo o que há de melhor, de pior e de misterioso aqui oculto.
Com um domínio visível da geografia local, Roblès usa o Brasil como pano de fundo da sua história, repleta de intelectualismo e poesia. Vale conferir, se o leitor estiver disposto a encarar as 700 páginas do volume.

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Para além da zona de conforto

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Em uma terça-feira quente e ensolarada, meu professor de Psicologia Social II resolveu passar para os seus alunos uma exibição do filme Na Natureza Selvagem, dirigido por Sean Penn e estrelado pelo talentoso Emile Hirsch.

O filme conta a história verídica de Christopher Johnson McCandless, jovem americano de família rica que abandona toda a sua vida burguesa de conforto para partir rumo ao Alasca, numa aventura que envolve provação e auto-descobrimento. Ao longo do caminho, ele encontrou várias pessoas dispostas a ajudá-lo, seja dando carona através dos Estados Unidos, seja oferecendo emprego ou abrigo. Ronald Franz foi uma dessas pessoas amigáveis: um velhinho solitário de 70 e poucos anos, que se afeiçoou muito a Chris logo no momento em que o viu.

Além de ter uma história muito interessante e instigante, o filme em si é visualmente lindo, e talvez tenha sido por esse motivo que já o assisti 8 vezes: adoro a fotografia de Eric Gautier.

A idéia deste post é mostrar a carta mais famosa que Chris escreveu a Ron, carta esta que está publicada no livro Na natureza selvagem, de Jon Krakauer. Acho que vale a pena lê-la. É impossível não se identificar com as palavras de McCandless, porque, no fundo, elas desvelam aquele sentimento que muitas vezes possuímos e nutrimos, que é o de mandar tudo às favas e viver a vida plenamente, usufruindo dos menores detalhes que a relação do Homem com a Natureza pode proporcionar.

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Ei-la:

"(…)

Ron, eu realmente gostei de toda a ajuda que você me deu e do tempo que passamos juntos. Espero que não fique muito deprimido com nossa separação. Pode levar um bom tempo até que a gente se veja de novo. Mas desde que eu saia inteiro desse negócio do Alasca você terá notícias minhas no futuro. Gostaria de repetir o conselho que lhe dei antes: acho que você deveria realmente promover uma mudança radical em seu esti­lo de vida e começar a fazer corajosamente coisas em que talvez nunca tenha pensado, ou que fosse hesitante demais para tentar.

Tanta gente vive em circunstâncias infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espíri­to, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente Sol.

Se você quer mais de sua vida, Ron, deve abandonar sua tendência à segurança monótona e adotar um estilo de vida confuso que, de início, vai parecer maluco para você. Mas depois que se acostumar a tal vida verá seu sentido pleno e sua beleza incrível.

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Em resumo, Ron, saia de Salton City e caia na estrada. Garanto que ficará muito contente em fazer isso. Mas temo que você ignore meu conselho. Você acha que eu sou teimoso, mas você é ainda mais teimoso do que eu. Você tinha uma chance mara­vilhosa quando voltou da visita a uma das maiores vistas da Terra, o Grand Canyon, algo que todo americano deveria apreciar pelo menos uma vez na vida. Mas, por alguma razão incompreensível para mim, você só que­ria voltar correndo para casa, direto para a mesma situação que vê dia após dia. Temo que você seguirá essa mesma tendência no futu­ro e assim deixará de descobrir todas as coisas maravilhosas que Deus colocou em torno de nós para descobrir.

Não se acomode nem fique sen­tado em um único lugar. Mova-se, seja nômade, faça de cada dia um novo horizonte. Você ainda vai viver muito tempo, Ron, e será uma vergonha se não aproveitar a oportunidade para revolucionar sua vida e entrar num reino inteiramente novo de experiências.

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Você está errado se acha que a alegria emana somente ou principal­mente das relações humanas. Deus a distribuiu em toda a nossa volta. Está em tudo e em qualquer coisa que possamos experimentar. Só temos de ter a coragem de dar as costas para nosso estilo de vida habitual e nos comprometer com um modo de viver não convencional.

O que quero dizer é que você não precisa de mim ou de qualquer outra pessoa em volta para pôr esse novo tipo de luz em sua vida. Ele está sim­plesmente esperando que você o pegue e tudo que tem a fazer é estender os braços. A única pessoa com quem você está lutando é você mesmo e sua teimosia em não entrar em novas situações.

(…)

Você verá coisas e conhecerá pessoas e há muito a aprender com elas. Deve fazer isso no estilo econômico, sem motéis, cozinhando sua comida como regra geral, gastando o menos que puder e vai gostar imensamen­te disso. Espero que na próxima vez que o encontrar você seja um homem novo, com uma grande quantidade de novas aventuras e experiências na bagagem. Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça isso. Simplesmente saia e faça isso. Você ficará muito, muito con­tente por ter feito."

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fotografias famosas recriadas em Lego

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Algumas brincadeiras marcam tanto quando se é criança, que perduram até a idade adulta tornando-se um hobby. Os projetos e ideias que utilizam Lego na decoração, como já foi falado aqui, são um exemplo disto. O fotógrafo Mike Stimpson também apostou nas peças de brincar e fez da diversão infantil seu trabalho. Além de programador de games, ele aproveita o tempo livre para fotografar as peças Legos. 

Uma das ideias (geniais) de Stimpson, foi recriar fotografias que entraram para história com os Legos que ele tanto gosta. Na galeria de imagens do fotógrafo estão: O beijo na Times Square, Lennon e Yoko deitados na cama, o almoço de operários no topo de um arranha-céu e outras fotografias. Confira aqui algumas fotos de Stimpson.






 

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